segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mirna e Áshila, 1º


Chorei com medo da morte. Medo no qual inundava meu ser com pensamentos pessimistas e hediondos. Ah, mas eu não temia a morte em si, ou o que aconteceria comigo, pouco me importava o pós morte. Meu medo não era aquele que todos temem, não era a penalização pelas más ações, a ida eterna para um lugar infinitamente ruim ou o fato de não existir nada.
Meu grande medo e pavor pela morte sempre se deu em motivos pela separação que teríamos. Jamais poderia te sentir novamente e jamais tocaria as maçãs de teu rosto para que pudesse vê-las corarem. Jamais teria o prazer de sentir - pela ponta de meus dedos finos e tortos - seus pelos arrepiarem por um simples beijo atrás da nuca. 
Chorei em seu colo na festa de despedida, quando tudo parecia estar acabado. Áshila, meu maior medo estava longe de ser a distância que provavelmente se estabeleceria entre nós; eu temia algo bem maior, uma impossibilidade de comunicar-me contigo. 
Você ficou visivelmente atônito e frustrado, não havia o que fazer. Realmente eu estava certa – um dos poucos momentos onde eu não gostaria de ter a razão. A única coisa capaz de travar o nosso amor estava bem em nossa frente, ao nosso redor, em cada passo, e passava a rondar minha mente de forma estrondosa. 
Aos passos mirrados e injustos que fomos obrigados a dar, cada um em direção à sua família para seus carros esportivos, a fim de dirigir-se de volta a cidade natal. Cada segundo que me afastava de ti sentia a forte presença da morte perambulando como um pêndulo de forma lenta e marcante. 
Não quero morrer, mas pior ainda seria viver sem você, e a morte sabia disto. Queria apenas me perturbar, me padecendo em prantos. 
Maldita morte, que por si só é má. Maldita morte que tantos desejam e idolatram. Aqueles doentes, os que só sentem dor, os que não vêem graça na vida, os que se desgraçam aos poucos; todos idolatram e a anseiam, e assim ela foge deles.
É, e pouco se sabe sobre os que te repulsam, pois repulsam tanto a ponto de temerem seu nome, e assim são incapazes de pensar em ti como algo viável e existente. Guardam sua existência no mais fundo que podem e vivem cada dia como se fossem imortais, com um eterno e leve medo ao fundo. 
Eu era uma destas pessoas, com o medo da morte guardado em seu peito, um medo comum onde qualquer possa sentiria o mesmo, mas tudo mudou quando te conheci. 
Ao passo que nos aproximávamos e nossos corações se aninhavam – não de forma física, mas estávamos entrelaçados por sentimentos – meus medos se afloravam de dentro para fora, até o instante que não fui capaz de suportar. 
Eles estavam me atormentando por meses, me contive e mantive discreta para não lhe afastar e assustar. Eu também pouco conhecia sobre meus medos, mas fiz bem em guardá-los o máximo possível, pois ao tempo que os libertei eles me devoraram e transformaram em traça.

Continua...

7 comentários:

  1. Estou adorando seus textos, muito legais!! Amei esse. As vezes tenho medo da morte sim...

    http://hitfeminino.blogspot.com.br

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  2. adorei o texto bem lindo!
    seguindo segui de volta?
    www.victoriapresunda.com

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  3. Muito lindo o texto estou louca para a continuação . Seguindo, retribui ?

    www.meus-pensamentos.com

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  4. Que história linda... a morte é um mistério tão grande, separações... e como ficam todos os amores?
    Lindo!
    Beijos, Cyn.
    http://ograndetalvez.blogspot.com.br/

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  5. Ahhhhh, preciso ler o resto... Me mande, por favor *_*

    Beijos
    http://delicadaeegoista.blogspot.com

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  6. Muito lindo esse texto, vou já já ler a segunda parte,

    Ótima semana, beijos e abraços,

    Flávia.

    Thoughts-little-princess.blogspot.com

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