quarta-feira, 26 de setembro de 2012

temer


  ela sempre tinha a mania de se achar burra e incapaz. mas de fato não o era. ela era muito inteligente e sempre corria atrás de conhecer o que ainda não conhecia. o seu maior problema, na verdade, não era a burrice ou incapacidade, mas sim a insegurança e o medo.
  o medo de ser burra, o medo de ser incapaz. estes sim eram os seus problemas.
  toda vez que ela ouvia falar sobre algo que não conhecia, corria para a biblioteca de seus pais e para as informações contidas na internet, mas ela evidentemente preferia a biblioteca por considerar mais fiel ao original, pois na internet todos publicavam o que queriam e poderiam misturar ou confundir as informações realmente corretas.
  ou seja, para ela não era apenas questão de se manter informada para ter uma conversa agradável e impressionar a todos, mas sim a necessidade de provar para si mesma que era inteligente e capaz de compreender todas as coisas do mundo, portanto, para ela compreender era o sinônimo da razão e o antônimo da loucura.
  por trás de todo o medo e insegurança estavam os traumas de infância, que por raras vezes ousava comentar o assunto por alto com o seu cachorro, que incrivelmente parecia compreender tudo. como ela queria que o seu cachorro pudesse falar, afinal era o seu melhor amigo, mas no fundo também não queria. se ele falasse ela certamente estaria louca. animais não falam, apenas os que têm polegares e capacidade de se desvincilhar dos instintos.
  ela não era burra nem incapaz, apenas medrosa e insegura.

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