domingo, 25 de dezembro de 2011

e assim é o meu berço, gélido e sombrio;

lá fui gerada, descontei todas as minhas decepções; sentimentos de tristeza e raiva foram despojados com força, ao tamanho que se entranharam pelas paredes. o chão... não há chão! um abismo sem fim sob meus pés flutuantes. abismo tal que vomita meus medos e tudo o que sempre detestei, todas as noites me fazendo chorar. sim, meu medo é roxo, da cor da insegurança, da arrogância, do autoritarismo. quem não tem um medo consumível que se retire, somos todos cercados por
medos, eles cheiram, brilham, chamam a atenção. bons predadores, os meus predadores, sabem como usufruir de tais sensações. o que, de certo modo, mesmo fugindo de toda racionalidade, deveria ser o teto ou apoio para um telhado imaginário, não passa de gosma apodrecida, eternamente a escorrer e pingar, sem nunca tocar algo, ou ao menos ousar acabar. estas vivências de eternidade em eternidade, de vidas em vidas... talvez por isto me sinta tão presa e cansada, presenciar tais fatos a cada segundo se torna exaustivo e costumeiro depois de certo tempo. há tantos parasitas ao meu redor, vampiros acopulados. não adianta me recusar a aceitar, sempre serei uma vítima passiva de dor e frustrações. coisas assim se fazem amigas para depois, com maior intensidade, nos atordoar. será que alguém já chegou a tal angústia quanto a minha, com plena sanidade e contínua vontade de viver? depois destas vivências e das descobertas penosas, torna-se sufocante e pesado carregar um corpo por aí.

retirado do meu antigo blog shyxaua's káah