sábado, 26 de maio de 2012

Wole e a Cria

   eu sugeri que ela ficasse o mais longe possível das portas, mas de nada adiantou. Yana é mesmo insistente e teimosa, não sei porque deve ser treinada, eu, Wole, creio que ela jamais será capaz de um trabalho tão complicado como este.
   Yana corria e descia as escadas do corredor de elos de forma desastrada e divertida, por vezes esbarrando em pessoas que transitavam por ali. algumas apressadas, outras tranquilas, mas sempre pessoas e seus destinos. se as pessoas estavam no corredor de elos é porque realmente tinham um caminho à ir, mesmo que não soubessem qual caminho fosse.
   Wole voltou a refletir sozinho: minha mestre sempre diz que é importante que se vá à algum lugar, que se mova, que siga algum rumo mesmo sem saber qual. mesmo que o rumo escolhido dê em alguma má opção ou catástrofe, ele terá consigo um ensinamento de vida, uma experiência a mais para compartilhar.
   o oposto acontece com quem não se move por medo de errar o caminho. quantas e quantas pessoas eu vejo todos os dias passando por estas portas sem ler as informações ou pedirem ajuda, elas tentam a sorte e seguem seus passos sem saberem ao certo quais são. algumas vezes elas erram e precisam voltar para escolher uma outra porta; isto faz parte.
   desta vez Yana já estava nos pés de Wole pronta a desamarrar seus cadarços. - não, não faça isso! - Wole engroçou sua voz infantil, ele aparentava ter apenas quatro anos a mais que a pirralha curvada em seus pés, e mesmo assim sua maturidade era evidente. ela lançou-lhe um olhar encantadoramente belo e meigo que o fez se arrepender de ter sido tão rude.
   - venha, tenho uma tarefa para você - Wole chamou-a delicadamente. ele estava levando-a para a estante de objetos emborrachados feitos especialmente para futuros guardiões do corredor. era costume que jovens-muito-jovens tivessem grandes responsabilidades. Yana com seus oito anos de idade era encarregada de ser uma guardiã enquanto Wole, que aparentava ter 12, era o atual guardião e encarregado de tornar Yana tão boa quanto ele.
   enquanto guiava a jovem-muito-jovem, Wole lembrou-se do seu primeiro ano no corredor e o quanto fez sua mestre correr atrás dele pelas escadas; só agora ele compreendia o trabalho árduo e o quanto ele havia tornado tudo aquilo diversas vezes mais complicado. justamente o que Yana estava fazendo com ele.
   ele deixou-a entertida nos objetos emborrachados e voltou a observar o fluxo de pessoas pelo corredor gigantesco. Wole era um dos trezes jovens que compunham a frota de guardiões do corredor de elos. a eles jamais seria permitido sair dos corredores até que seu trabalho fosse completo, e o dele seria assim que Yana estivesse pronta. será que um dia ela realmente estaria pronta? e será que ele gostaria que ela estivesse?
   ele nunca foi do tipo aventureiro e sua vida desde sempre era o corredor de elos. ele, assim como os outros treze jovens, não sabia o que era e como seria a vida através das portas, a única coisa que poderia saber estava na boca das pessoas que por ali transitavam, e sempre que possível se mantinha atento aos mínimos e minuciosos detalhes, queria mais que tudo saber se seria forte o suficiente para enfrentar as portas.
   poucos minutos de sossego e a jovem-muito-jovem estava correndo pelas escadas com um dos objetos emborrachados nas mãos. deixou-o cair e rolou escadaria abaixo causando um pequeno caos pelas pessoas que por ali passavam. - Wole! - ecoou a voz afiada de sua mestre e o jovem sentiu seu corpo arrepiar de medo. sinal de alerta e perigo, Wole precisava aquietar Yana e ensiná-la grandes coisas.

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