olhava para a janela, três andares acima do chão, o sol forte e iluminado irritava seus olhos frágeis e impuros. seu corpo coberto por um pedaço de pano bege, um vestidinho tão velho e surrado que ela insistia em usar por simplesmente se sentir segura. sozinha em casa e quase aos prantos, suas pupilas dilatadas, o coração parecendo saltar-lhe do corpo, o peito dos pés formigando e um nó apertando sua garganta; tudo não passava de ansiedade. pensou que estava sonhando, as coisas perderam suas validades e intensidades, até mesmo a altura de três andares não lhe assustava mais, e cansou de sentir-se presa, agoniada e frustrada, quis ser livre e divertir-se. pulou janela a baixo com um riso gostoso no rosto. acordou suando frio em sua cama, já era noite e então deu-se conta, não era sua cama macia e cheirosa, muito menos seu quarto infantil, estava em um hospital rude e impossibilitada de se mover. sua ansiedade voltou pela vontade de curar-se logo e fazer loucuras outra vez.
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